Amigo, estou aqui: o gestor de pessoas e a saúde mental de sua equipe

Quem jamais necessitou de um ombro amigo? Muitos sequer suspeitam, mas o gestor de pessoas tem um peso enorme na saúde mental da equipe de comanda. Seus colaboradores podem ficar, em muitos momentos, desgastados. Seja por motivos internos da empresa, como semanas movimentadas ou alguém sentindo-se desvalorizado, ou por motivos externos, como problemas familiares, de relacionamentos, doença e perda de uma pessoa próxima, o colaborador poderá ter uma queda de desempenho. Cabe ao líder do grupo identificar o problema, demonstrar empatia e buscar ajudar a solucionar, para que o rendimento volte a ser o melhor possível. Existem diversas maneiras de fazer isso, entre as quais está prezar pelo lado humano. Afinal, todos estamos em constante mudança e nossos sentimentos não são diferentes. Sabe como ajudar seu colaborador em momentos difíceis?

Paciência

É um novo período nas relações de trabalho. O mundo jamais foi tão remoto. Durante a pandemia da Covid-19, as pessoas – ao menos, boa parte delas – recolheram-se em casa. O mundo não para. Sendo assim, o trabalho também migrou para as residências. Como já foi mencionado no texto “O futuro é hoje e cabe não mão” – o qual pode ser encontrado no blog da FAPSI -, que fala sobre a revolução no meio do trabalho durante a pandemia, como manter sua equipe motivada e as expectativas para o futuro, especialmente corporativo, as empresas foram obrigadas por forças maiores a mudar todo o esquema de trabalho, o planejamento e as expectativas. Ainda assim, o resultado foi positivo e muitas empresas relataram aumento no desempenho de seus colaboradores.
Um bom gestor de pessoas leva em consideração o momento que estamos vivendo em 2020, com isolamento social, crises, incertezas e inseguranças. Paciência é fundamental nesses momentos. Lenine já dizia em sua canção “Paciência”: “enquanto todo mundo espera a cura do mal, e a loucura finge que tudo isso é normal, eu finjo ter paciência”. Ela é imprescindível para um gestor de sucesso. Com ela, se cria um sentimento de empatia por parte do colaborador e um provável aumento do rendimento no trabalho com o tempo. Basta entender que todas as pessoas passam por momentos delicados. O líder de uma equipe, como ser humano, deve compreender que tem um papel importante na manutenção da saúde mental de seus liderados, sendo sempre fundamental lembrar que, apesar da evolução tecnológica e automação que o mundo passa hoje com as máquinas, o trabalho ainda é realizado com seres humanos, que passam por naturais oscilações.
A incerteza é vista como inimiga pelo ser humano. Afinal, todos preferem a certeza em relação à dúvida. Com este período conturbado e incerto, é necessário que alguém passe segurança às pessoas até mesmo nas menores ações. Prezar pelo emprego de um colaborador que está com medo de ser demitido pelo momento de crise, ressaltar suas qualidades e sua importância no time e sempre estar em contato com todos da equipe é muito importante. As pessoas gostam de sentirem-se valorizadas. Claro, é necessário fazer por merecer a valorização, mas também não é nada positivo, especialmente em um momento de constante medo em um país que está em uma longa crise, subestimar as qualidades apresentadas pelos colaboradores.
Com o líder demonstrando paciência, surge o sentimento de empatia, que leva o funcionário a sentir-se parte do time e lutar pelo sucesso daquela equipe como se fosse sua família ou um grupo de amigos. Afinal, quem não gosta de trabalhar em um ambiente unido, leve e que não trata erros como o fim do mundo?

Empatia gera empatia

Além da paciência devido à adaptação ao trabalho remoto – quando se pensa em desempenho – existe também a possibilidade de problemas de fora do trabalho interferirem. Seja um filho doente necessitando ir ao médico, um cachorro latindo durante uma palestra ou uma máquina de lavar que transborda a casa e necessita de cuidados especiais e reparos durante uma reunião. São diversas as possibilidades de distração quando o colaborador trabalha de sua residência. Demonstrando calma e empatia nestes momentos, o gestor desenvolve uma conexão com seus liderados e contará com o apoio deles em situações futuras.
Muito se fala sobre empatia, mas você realmente sabe o que é e como age uma pessoa empática ou como isso pode afetar positivamente o rendimento de seus colaboradores e o ambiente de trabalho?
Ser empático é ser um bom ouvinte, em primeiro lugar. Para se colocar nos sapatos do outro, primeiro é necessário saber ouvir e absorver os pontos importantes mencionados pela pessoa. Ouvir os funcionários é sempre fundamental para saber onde a empresa pode melhorar no trato com seu pessoal. Até porque trabalhar não é via de uma mão: é necessário conhecer quem trabalha para sua equipe, bem como entender suas necessidades que, quando supridas, irão impactar positivamente no trabalho dessa pessoa.
Como mencionado anteriormente, os colaboradores não são máquinas. Segundo pesquisa da revista Social Science & Medicine, um exagero nas horas da jornada de trabalho pode levar ao estresse, seguido de esgotamento. Antes ter algumas tarefas não feitas no dia, do que ter um funcionário incapaz de exercer qualquer tarefa por estar muito cansado ou ainda pior: no hospital, especialmente em tempos de enfermidade facilmente transmitida de pessoa para pessoa.
Por isso, é essencial para um bom líder saber a hora de ser mais exigente e também ter noção de quando tirar um pouco o pé do acelerador. Como o gestor de equipe dá o exemplo, é importante mostrar aos funcionários que está tudo bem desligar-se do trabalho quando o expediente chegar ao fim. Não forçar trabalhos extra é uma ótima forma de demonstrar preocupação com a saúde mental e até mesmo física do colaborador e desenvolver um senso de empatia entre todos na equipe.
Prestando atenção às emoções das pessoas que trabalham na empresa, o gestor torna-se um importante aliado na prevenção de problemas que o excessivo esforço podem trazer. Ser um amigo é fundamental, assim como ser enxergado por todos como alguém confiável. A fase de intimidação e autoritarismo por parte de chefes já ficou no passado. Para o mundo e as empresas seguirem avançando, especialmente no mundo de hoje em que todos se comunicam a todo instante, é imprescindível um trato humano de quem está comandando uma equipe para o indivíduo que está sendo comandado. Amigos serão amigos, como disse Freddie Mercury.

Ao infinito e além

São inúmeros os benefícios para o gestor, para os colaboradores e, claro, para a empresa, quando a saúde mental dos trabalhadores e o lado humano de todos são vistos como prioridade. Investir em programas de ajuda aos funcionários, bem como incentivar a terapia e oferecer atividades que aliviam o estresse diário gerado pelo acelerado mundo capitalista, são excelentes ideias para fazer o ambiente de trabalho não ser maçante.
Uma das referências em bem-estar dos colaboradores é o Google. A corporação, com sede no Vale do Silício, na Califórnia, já foi inclusive inspiração para um filme. O longa-metragem de 2013 “Os Estagiários” mostra a vida dentro da empresa quando dois quarentões recém desempregados conseguem uma entrevista de emprego no local e conseguem vagas como estagiários, mesmo sem muita experiência em relação aos jovens e promissores que competem pelo emprego. No Google, tudo é muito dinâmico, atividades além do trabalho são oferecidas, os colaboradores são encorajados a andar pelas instalações, conhecer pessoas e trocar ideias. A empresa acredita que as grandes ideias não surgiram dentro de quatro paredes, mas sim trocando experiências.
É uma abordagem mais radical, mas em diversos países desenvolvidos, o trabalho é mais enxuto, dinâmico e leve, com as empresas obtendo melhores resultados. Já é hora de investir em novas maneiras de encarar o trabalho e mudar o significado da palavra “trabalhar”, que remete, para muitos, a coisas chatas, cansaço e estresse.
Com uma saúde mental em dia por parte dos funcionários, as empresas têm melhores resultados. Quanto menos dinâmico e empolgante o trabalho, maiores serão as taxas de funcionários que buscam faltar por quaisquer motivos, evitando a situação de estresse gerada pela função exercida e pelo ambiente, e também serão maiores os índices de colaboradores que até estão presentes na empresa, mas não conseguem exercer suas funções por não estarem bem fisicamente ou mentalmente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) não trata saúde mental apenas como distúrbios e doenças. É visto como saudável mentalmente o indivíduo que consegue justamente exercer as funções a si atribuídas e demonstra bons níveis de resiliência – ou seja, consegue se recuperar do estresse diário e acordar na manhã seguinte bem o suficiente para seguir sendo produtivo. Gestores que não enxergam este lado da saúde mental, normalmente serão mais rígidos e menos amigos de seus colaboradores, acreditando que companheirismo é apenas da porta para fora do escritório. Entretanto, a saúde mental não é um benefício apenas para o funcionário, como demonstrado de diversas maneiras. Sem uma peça, a engrenagem da corporação não irá funcionar ou talvez funcione de uma forma nada boa. Cabe ao gestor de pessoas ter noção de como agir e de como se preocupar com a parte humana de cada um de seus comandados.
Além da já citada boa comunicação com a equipe, o líder precisa dar os feedbacks positivos a seu time e prezar pela comunicação sem medo de erros. Quaisquer ideias e dúvidas devem ser encorajadas a transformarem-se em algo verbal. Para isso, constantes reuniões para que todos estejam na mesma página são imprescindíveis.
Por fim, mas na verdade como primeira medida que deve ser tomada, o gestor precisa estar bem consigo mesmo. Para gerir uma equipe saudável, o líder, por ser o exemplo para os outros, deve ser o primeiro membro do time a estar bem. Cuidar da própria saúde mental é um desafio, mas é imprescindível para que seja possível ajudar outros colaboradores que estejam passando por estresse, ansiedade, depressão e outros distúrbios. Primeiro ajude a si mesmo para, em seguida, ajudar seu time e obter, lá na frente, os melhores resultados e uma equipe animada e inspirada.

O tempo vai passar…

E os anos vão confirmar: uma relação próxima de companheirismo e confiança mútua faz o trabalho em equipe evoluir e o entrosamento aumentar. Ninguém gosta de estar em um ambiente hostil, em que não é possível dar opiniões, ideias, tirar dúvidas ou admitir falhas. Isso prejudica a saúde mental do funcionário. A proximidade humana entre líderes e colaboradores faz o clima ficar mais leve e as críticas serem mais fáceis de serem verbalizadas por quem precisa tecê-las – sempre de forma construtiva, dando ideias para que ocorra uma melhora – e absorvidas por quem for criticado.
O filme Toy Story já ensinou gerações sobre a importância das amizades. Acima disso, o premiado longa-metragem de 1995 – com mais três filmes dando sequência à história ao longo das últimas duas décadas – mostra a pessoas de diversas faixas etárias que essas importantes amizades melhoram muito o trabalho em equipe. Como dito: não é gostoso trabalhar em um local onde a criatividade dos colaboradores seja podada, e nada melhor para não haver a poda do que um grupo de companheiros, pessoas que têm interesses em comum e até mesmo amigos próximos.
Claro que negócios afetam amizades e vice-versa, mas desenvolver uma proximidade com o time faz o gestor de pessoas ter mais liberdade para falar, assim como oferece esta liberdade aos funcionários, e com tal leveza no ambiente, o processo criativo irá render mais e a saúde mental dos funcionários ficará melhor. É um efeito dominó: uma coisa leva à outra e assim por diante, mas ao invés de derrubar as peças, o gestor consegue deixar todas de pé, deixando satisfeitos os comandantes e os comandados.

Onde estão as melhores estratégias?

A terapia é fundamental para diversos casos: seja infelicidade, distúrbios depressivos ou até mesmo medo de se expressar. Tudo isso pode passar com a ajuda de terapia, e na FAPSI – Faculdade PSICOLOG, todos podem contar com o atendimento psicológico comunitário, como já mencionado no texto “A FAPSI oferece tratamento psicológico comunitário”, que está em nosso blog.
A Psicologia e a Gestão Estratégica de Pessoas estão evidentemente conectadas. Na FAPSI, você encontra especializações nas duas áreas e até mesmo Curso de Graduação Tecnológico em Gestão de Recursos Humanos, que conta com um corpo docente 100% composto por mestres e doutores, além de nota de excelência (4) do MEC. As matrículas para os cursos de pós-graduação em Gestão Estratégica de Pessoas e em diversas áreas da Psicologia estão abertas. A melhor maneira de entender o funcionamento de uma equipe e planejar as formas mais eficientes de melhorar o clima no time, especialmente a partir da manutenção da saúde mental de todos e da prática da empatia, visando melhorar o desempenho de todos, é aprendendo com os professores mais qualificados.
Dinâmica e leveza são imprescindíveis para um time prosperar. Uma relação de parceria, em detrimento de inflexibilidade e autoritarismo, motiva os colaboradores a trabalharem em prol de algo e um grupo. Empatia gera empatia, e sendo assim, ser um gestor humano renderá frutos para todos com o tempo, além de desenvolver uma confiança mútua. Alinhe seus objetivos com os dos funcionários, entenda suas limitações, tenha jogo de cintura para quando as coisas derem errado, participe de cursos de especialização e, acima de tudo, seja um líder humano e entenda o impacto que o gestor tem no moral e na saúde mental de seus colaboradores.
A pesquisa da revista Social Science & Medicine pode ser encontrada, em inglês, no link https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0277953619303284. O enfoque é a quantidade de trabalho semanal que seria recomendada para a saúde mental das pessoas: 8 horas por semana. Apesar deste número utópico, ela também fala dos malefícios do trabalho exagerado.

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